23.9.04

A Revolta de Santa Beatrice

Segue um relato dos eventos da Revolta de Santa Beatrice, conforme encontrado por Aldebaran nos registros do Castelo de Diërcht, feito pelo chefe da guarda de Prägh e repassado a seus superiores. Lendo-o é que ele pôde perceber que seus companheiros, Mescalina, Gaspar, Target e Elivan, é que haviam incitado a população à revolta.

- Santa Beatrice: freira da Igreja que teria vivido nos arredores de Prägh no início do séc. IV T.E.. Sua lenda conta de como pôde apaziguar uma matilha feroz de lobo apenas com a serenidade de espírito. Os adeptos Caóticos já contavam estórias de figuras muito semelhantes séculos antes, nesta e em outras áreas, e acusam os ordeiros de terem roubado e distorcido sua santa/deusa. Por outro lado, talvez por isso, é muito comum devotos de Santa Beatrice serem, na verdade, caóticos disfarçados, convertidos. Seu dia sagrado de acordo com a Igreja é o 12° da Fênix.

A forma da introdução é típica de um oficial que deseja evitar o levantamento de um inquérito, que em Garland tem uma forma duríssima, e apresenta ele mesmo, antes que seja dada uma eventual queixa, os fatos, esclarecendo sua atuação e quaisquer pormenores envolvidos.
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"O 13° Dia da Fênix, do 998° ano da Terceira Era.

a Vossa Eminência, Imperatriz Illyana Illumina Garland Diërcht e seu representante

o Ilmo. General Harkon Wen Dobretham

Relato de agora em diante os eventos da véspera de hoje, conforme testemunhados por mim, para que V. Ema. analise, julgue, e aja da maneira mais sábia.

Eram passadas pouco mais de cinco horas da manhã, quando despertou-me um mensageiro de Keldon, Discípulo da Ordem da Luz, para que eu fosse ter com ele, tratar de assunto de suma importância. Nunca tendo recebido semelhante recado do bruxo, tradicionalmente despreocupado, dirigi-me imediatamente à sua residência.

Lá chegando, soube que o ele descobrira, através de um agente infiltrado, que uma jovem guerreira estava convocando todos os caóticos da cidade para um ataque organizado à Catedral de São Prägh, talvez acompanhado de uma tentativa de golpe. Os detalhes da informação eram poucos e de segunda mão, mas acompanhados de boatos de que a jovem seria mesmo uma recém-desperta Paladina, e que isto tinha possibilitado a aglomeração de muitos militantes caóticos em pouquíssimo tempo. Embora um pouco cético quanto ao grau da ameaça, decidi me prevenir, alertar a guarda e tomar algumas precauções extras - e graças a Lothar o fiz.

Pedi para que fosse aumentado em metade o regimento das patrulhas noturnas, e para que todos os guardas ficassem em alerta dobrado. Pedi também uma audiência com o Cardeal, que pareceu muito perturbado, e mandou chamar aos Paladinos da paróquia. Destes, um, de nome Everard, confidenciou-me ter recebido uma visão a respeito, e pediu para ficar de guarda pessoalmente nos dormitórios da Catedral, onde residiam os padres, pois tinha certeza de que tudo ocorreria à noite - no que estava certo. Keldon, que pela vontade do Senhor estava presente, aproveitou para sugerir que se usasse um encantamento em Everard durante sua vigília, que o tornaria invisível aos olhos mortais até o momento em que precisasse atacar. Na hora protestei contra a ação, porque julgava que a espada de Everard seria mais útil fora; porém os eventos mostraram que ele tinha razão, embora nem seguindo seu plano tenhamos podido evitar a desordem.

Como previsto pelo Paladino, foi mesmo ao cair da noite que começou o ataque. Por volta de 8 horas, grupos de camponeses muitíssimo bem armados atacaram pontos estratégicos da cidade, com precisão e rapidez. Agindo como se fossem membros do mesmo corpo, eles atraíram as patrulhas para armadilhas, enquanto cercaram a Catedral. Assim, enquanto parte deles saqueava a Igreja, levando boa quantidade de ouros, várias peças de valor elevadíssimo, e até mesmo as cortinas, a outra parte impedia que o socorro chegasse. Contavam também com alguns arqueiros e besteiros; afirmando alguns dos guardas inclusive que um deles tinha feições élficas, e que tinha abatido mais de dez guardas, sem errar única flecha. No chão, muitos também alegaram ter distinguido uma jovem mulher gritando ordens em uma língua estranha, e orientando os revoltosos; tudo leva a crer que esta poderia ser a Paladina dos boatos.

Graças a Lothar, apesar de muitas baixas, com a chegada de reforços do quartel da milícia, após cerca de uma hora de batalha pudemos matar ou capturar a maioria dos participantes. Na primeira conta, acreditamos ter perdido 31 homens, mas o número pode ter sido muito maior, sendo que ao menos três deles trespassados por flechas que meus armeiros julgam ser de madeira de Illwar, o que corrobora as suspeitas a respeito do arqueiro élfico.

Como se não bastasse, muitos dos padres e coroinhas foram assassinados enquanto dormiam. Os depoimentos dos poucos sobreviventes em condição de falar foram até o momento confusos, mas todos mencionaram uma criatura humanóide de estatura diminuta que teria surgido das sombras em pleno quarto, e começado a esfaquear rápida e silenciosamente os residentes. Everard o impediu e derrubou, mas outros invasores já tinham conseguido arrombar a porta e o auxiliaram. Um dos padres, o mais abalado, não parou de falar num homem portando um enorme mangual; pode haver verdade em suas palavras, visto que há um golpe de mangual no rosto de Everard, apesar de o ferimento mortal ter sido causado por lâmina. Como se pode ver, perdemos, além do padres, o Paladino, e mais outro de sua categoria. Graças a Lothar, o Cardeal tomara a precaução de dormir em residência própria e escapou ileso. Na manhã de hoje, Keldon também foi encontrado morto em seu laboratório, vítima do que aparenta ser um poderoso feitiço, que abriu seu ventre ao atingi-lo.

Entre os rebeldes há 23 mortes confirmadas. Quanto aos presos, são pouco mais de quarenta, e já tomamos providências em relação à famílias e bens de ambos. As armas e armaduras que permaneceram em boas condições foram incorporadas ao arsenal da milícia, visto serem de boa qualidade. Infelizmente nenhum dos prisionairos nos deu informações precisas acerca dos misteriosos instigadores, não tanto por fidelidade, mas por realmente saberem pouco. Muitos afirmam mesmo que a líder era uma Paladina, que descreveram como alta, extremamente bela, de ares fidalgos, com longos cabelos dourados e olhos claros; muitos outros também confirmaram a presença de um arqueiro, embora nada soubessem sobre sua possível origem élfica, de um homem grande portando um mangual, e do que poderia ser um hobbit.


Na fé de que meu relato possa ser de utilidade, e confiando em Vossa sabedoria e na vontade de Lothar, seu humilíssimo servo,

Creder Resnick Juran, chefe da guarda de Prägh,

no 13° dia da Fênix, do 998° ano da Terceira Era."