23.2.05

Ethos

O 18º Dia do Mês da Fênix, do 998º ano da Terceira Era.

Percebendo nos rostos de seus companheiros que havia algo acerca do ocorrido na noite anterior que eles sabiam e não lhe contavam, Himme perguntou a Gaspar acerca disto. Este lhe respondeu com a Canção da Lua Escarlate.

Alegando não ter conseguido compreendê-la, Himme pede a Gaspar que lhe explique do que ela trata. "Bem, meu caro orelhudo", principia ele.

"Esta é mais uma daquelas histórias sérias e épicas, do que dizem que se passou na primeira era, quando o mundo era novo, os dragões andavam entre os homens, e a paz reinava entre os do primeiro povo - de quem os seus dizem descender.

Essa Era teve muitos heróis, porque teve muitas guerras, mas houve um considerado o maior entre eles, chamado de Ethos. Ele era jovem, mas um bravo líder de homens, um desbravador de segredos ocultos da terra, e o maior espadachim de todos. Como seu coração era puro, e como amava muito a natureza e a liberdade, opondo-se muitas vezes aos atos do Império, foi desde cedo o favorito da Deusa, que o abençoou. Ela mostrou-se ao jovem, majestosa, numa caverna próxima ao topo da Rarododreth, o pico do relâmpago, e lhe disse que desejasse dela o que seu coração pedisse. 'Uma vida rica de aventuras', respondeu ele, e no dia seguinte partiu em jornada pelo mundo por muitos anos, conquistando fama e riqueza, e fazendo um grande amigo, o fora-da-lei e trapaceiro chamado Darlis (mata-dragões).


E assim, após regressar de sua volta ao mundo, Ethos voltou à caverna, e lá viu a Deusa novamente, e ela novamente lhe concedeu o que seu coração desejasse. 'O poder para unir os homens', ele respondeu, e após isso grandes grupos passaram a segui-lo por onde fosse, e todos lhe davam ouvidos e seguiam suas palavras. O Imperador, Liternoarnas, ou Nimrod, embora seguidor de Lothar, reconhecendo sua influência e valor, recebeu Ethos, e cedeu a várias de suas exigências.

Mas os olhos de Ethos fixaram-se na Lâmina Solar, a mais poderosa espada já forjada, que Nimrod levava na cintura, e só ele podia empunhar. Por isso retornou à caverna, econtrou-se com a Deusa, e pediu a ela para que conseguisse usar a Lâmina, ao que ela respondeu: 'isto nem precisavas me pedir.'

Pois agora, amigo do Imperador e conhecido por toda Heshna, Ethos julgava ter tudo que seu coração podia querer. Mas veio o dia fatídico em que chegou do Oeste Yeda, a mais bela das donzelas, de cabelos cor de fogo, que nos dias de hoje sobe aos céus pouco após escurecer na forma de estrelas, para visitar a côrte; no instante em que a viu Ethos perdeu-se de paixão e, correndo de volta à caverna, pediu à Deusa que lhe concedesse seu amor.

'Três vezes me pediste o que desejava teu coração, e três vezes o atendi; mas essa foi toda a benção que poderia dar a ti. A este desejo agora não atenderei.'

'Pois bem', retrucou o tolo Ethos, em sua pretensão. 'Eu mesmo a conquistarei, sozinho.' Mas isto estava fora de seu poder: eis que Yeda amava Darlis, seu amigo, e ele a amava, mais do que tudo no céu e na terra, mais até do que à Deusa. Percebendo isso, e que a donzela jamais seria sua, Ethos amaldiçoou aquela que só tinha querido seu bem; ele arremessou sua espada, herança da família, na morada da Deusa, e a atingiu causando uma ferida tão profunda, que o sangue manchou a Lua de vermelho. Por isso hoje a Lua da Deusa tem esta coloração escarlate; e diz-se que sua ferida até hoje não se curou e por vezes torna a sangrar, nos dias de lua cheia, fardo que todas as mulheres da terra dividem com ela.

Donde se pode dizer que és um pouco mulher, meu caro Himme! Ora vamos, não se ofenda, é só uma brincadeirinha. Enfim.

A Deusa é bondosa, mas sua fúria é terrível, e nunca ela odiou alguém como odiou Ethos naquela hora. Ela jogou-lhe uma maldição, que as donzelas do Castelo de Petrius cantaram quando ele partiu para a guerra, e é esta que eu acabo de lhe cantar, embora provavelmente seja muito mais bela em seu idioma de origem. E diz a lenda que, de tempos em tempos, nasce outra vítima da maldição: fadado a ferir e matar aqueles que mais ama, a lutar e perder, portador da marca da Lua Escarlate.

Não Himme, não acho que você devesse ficar feliz de ouvri isso."

16.2.05

Himme Amarkir

O 17º dia da Fênix, do ano de 998 da Terceira Era.

Após pouco mais de uma hora e meia de viagem, o corvo de Fedaynn retorna, e sussurra ao seu mestre que avistou um conhecido a alguns minutos de vôo a sudoeste, mas, perguntado sobre quem seria, nada respondeu, apenas observou que ele caminhava em direção à estrada e que deveria cruzar com eles em pouco tempo.

Meia hora depois, Elivan avista, ao longe, de costas para eles, o Estranho. Ele se lembra de todos, mas não consegue recordar nada acerca de como escapou do templo do corvo, ou do que acontecera a Jaú. As reações do grupo ao revê-lo são variadas; alguns se alegram, outros, desconfiam. Em dado momento da conversa ele, sem maiores explicações e para surpresa geral, pede a Mescalina que o chame pelo nome Himme Amarkir. Indagado sobre como ou quando recordara seu nome, ele se vê sem explicações e diz que não se lembrava de tê-lo esquecido. Como continuava sem rumo, pede ao grupo para voltar a acompanhá-los, com o que acabam todos concordando. Em dado momento Elivan comenta que o nome parece élfico, mas que não reconhece o dialeto; a isto o próprio Himme responde levantando os cabelos e revelando um par de orelhas pontudas, deixando clara sua origen inumana.

A jornada prossegue calma até a noite, quando montam acampamento e seguem para dormir. Durante o turno de Target, Himme é acordado por uma dor aguda nas costas, pouco abaixo do pescoço; seu despertar é iluminado pela Lua Escarlate cheia e belíssima, e a conversa que ele talvez chegasse a travar com o companheiro, interrompida pelo vôo rasante de um dos homens-morcego que os haviam atacado perto de Prägh, acompanhado de outros 4.

Segue-se um combate difícil, ao final do qual os heróis, mesmo despreparados, triunfam, tendo mais facilidade deste do que no ataque anterior das bestas. Sabendo agora que são servos provavelmente conjurados pela Ordem da Luz, eles têm renovados seus motivos de preocupação, e dobram a guarda pelo restante da noite.

Antes de dormir, Himme repara que há uma pequena ferida aberta no lugar onde sentira a dor, e pede para que seus pares examinem. E o que vêem ao fazê-lo é o sangue coagulado formando, por sobre a tatuagem, o desenho da lua escarlate.

3.2.05

Viagem à Dinar

14°, 15° e 16° dia da Fênix, do ano de 998 da Terceira Era.

Os heróis enfrentam, a cavalo (tendo abandonado as carroças para ganhar velocidade ao 14° dia do mês), o terceiro dia de viagem no clima semi-árido sob o calor do fim do verão. A paisagem é desoladora, contando com pouca vegetação rasteira, e a estrada está em péssimas condições. As pequenas vilas pelas quais passam não contam com nenhum tipo de estalagem, de modo que o grupo acaba preferindo dormir ao relento, sendo sempre despertado cedo pelo sol inclemente. Gaspar sente falta de alguma árvore na qual pudesse se pendurar para dormir.

Mescalina reza uma missa diária para todos e, logo no primeiro dia de viagem, confirma suas suspeitas de que Fedaynn não conhece o idioma caótico e, portanto, não partilha de sua fé. Eles têm um debate acalorado durante o qual o elfo demonstra ter conhecimento amplo dos cânones da religião da Deusa, rapidamente deixando a jovem sem argumentos. Ela irrita-se profundamente com isto, mas contém seus impulsos ao lembrar de que Fedaynn é o único que consegue levantar a tábua.

Ao longo do segundo e terceiro dias, o corvo de Fedaynn, que lhes servia de batedor, avisa-lhes sobre a movimentação de diversos grupos de orcs cruzando as trilhas e estradas próximas, na direção nor-nordeste. Com o devido cuidado eles conseguem confirmar esta informação, percebendo 3 grupos de cerca de 30 orcs mais ou menos próximos. Incentivados por Mescalina, que vê tanto a oportunidade de descobrir o que acontece quanto de adquirir mais espólios para fundear sua guerra contra a ordem, os heróis atacam um dos regimentos. Sua estratégia e tática é executada com perfeição, com Mescalina e Target derrubando as fileiras por trás, à cavalo, Fedaynn e Elivan dando cobertura e Gaspar usando seus dons diversos para apoio; os orcs, surpresos e desorganizados, são rapidamente massacrados, rendendo fácil espólio para os aventureiros, em forma de prata, ouro, cavalos e armas.

Interrogados, os sobreviventes dizem haver diversas etnias orcs e goblinóides se agrupando entre Fraigorn e a Floresta Negra, por motivo que desconhecem. Os heróis mandam-lhes embora e descansam imediatamente para partir cedo no dia seguinte.